O chanceler alemão, Olaf Scholz, é alvo de fortes críticas da oposição, que o acusa de contribuir para a “propaganda” russa por ter ligado o Presidente Vladimir Putin.
Na sexta-feira, na primeira conversa telefónica entre os dois líderes em quase dois anos, Scholz instou Putin a retirar as tropas da Ucrânia e a negociar com Kiev, segundo um comunicado do governo alemão.
A chanceler pediu a Putin que demonstrasse “a sua vontade de iniciar negociações com a Ucrânia, com vista a uma paz justa e duradoura” e sublinhou “o compromisso inabalável da União Europeia (UE) com a Ucrânia”, acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
No entanto, para o partido conservador alemão (CDU), o apelo significa para Moscovo “mais um sinal de fraqueza do que de força”.
Jürgen Hardt, porta-voz de política externa da CDU, acusou Scholz na rádio alemã Deutschlandfunk de contribuir “para o sucesso da propaganda russa”.
Matthias Miersch, secretário-geral do social-democrata SPD, partido de Scholz, defendeu o apelo e sublinhou que o progresso diplomático é necessário para acabar com a guerra em curso.
Durante a conversa telefónica, Putin disse ao chanceler alemão que a proposta de paz para a Ucrânia deve ter em conta “novas realidades territoriais”, exigindo que Kiev desista das regiões ocupadas por Moscovo.
A proposta de paz de Junho passado inclui a retirada das tropas ucranianas do Donbass e do sul do país e a renúncia de Kiev de ser membro da NATO.
A conversa telefónica entre os dois líderes ocorreu num momento muito difícil para a Ucrânia, que se prepara para viver o seu terceiro inverno sob o fogo da Rússia, com grande parte da sua infraestrutura energética danificada ou completamente destruída.
O telefonema já foi criticado pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, por considerar que abriu a “caixa de Pandora” e contribuiu para mitigar o isolamento do regime russo.
“E é exatamente isso que Putin busca há muito tempo”, enfatizou Zelensky.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a Alemanha tem sido o segundo maior fornecedor de armas de Kiev, depois dos Estados Unidos.
Com a vitória do antigo presidente e candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, surge a questão da continuidade da ajuda dos Estados Unidos, que tem permitido à Ucrânia resistir às tropas russas desde Fevereiro de 2022.
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Endless Thinker