Home Entretenimento Cerveja: um peso pesado económico ignorado

Cerveja: um peso pesado económico ignorado

19
0

Há um ano, por esta altura, o sector cervejeiro recebeu com enorme surpresa a notícia de que o Orçamento do Estado para 2024 previa um aumento de cerca de 10% no Imposto sobre Álcool e Bebidas Alcoólicas (IABA).

Este aumento de imposto, aplicado a diversas bebidas alcoólicas, com exceção do vinho, levantou questões sobre a disparidade de tratamento entre setores importantes para a economia, hábitos de consumo associados à gastronomia e cultura portuguesas. Em última análise, esta diferença legislativa poderá dificultar a coexistência harmoniosa entre setores num mercado onde, como vimos, há espaço para acomodar diferentes bebidas que não são necessariamente concorrentes.

Talvez este seja um problema de percepção por parte dos legisladores, que entendem que o sector vitivinícola está mais intrinsecamente ligado ao tecido económico, à agricultura e à cultura dos portugueses.

Mas a verdade é que o vinho e a cerveja são bebidas alcoólicas, de origem fermentativa, ambos enraizados nos nossos hábitos culturais, com presença em todo o país e ambos contribuem substancialmente para o PIB nacional e para a criação de centenas de milhares de empregos. Portanto, ambos necessitam de ser protegidos pelo Estado uma vez que são exportadores de sectores económicos com peso na balança económica nacional.

A cerveja, em 2022, contribuiu com mais de R$ 1 bilhão em receitas tributárias para os cofres do Estado, gerando um valor adicionado de R$ 1,6 bilhão. Foi também responsável, direta e indiretamente, por mais de 97 mil postos de trabalho em Portugal, em todas as atividades do seu setor: desde as fábricas nacionais de vidro que produzem garrafas, às empresas produtoras de papel e plástico que produzem embalagens secundárias e terciárias, passando pelas empresas produtoras de papel e plástico que produzem embalagens secundárias e terciárias. aos agricultores do Ribatejo e do Alentejo, aos produtores de cevada que abastecem os nossos malteiros industriais, aos agricultores que cultivam lúpulo no Minho e em Trás-Os-Montes, aos nossos consumidores a quem a cerveja chega através das empresas retalhistas alimentares para consumo em casa ou através de bares, restaurantes e cafés onde se vende cerveja. É sinônimo de alegria e convivência.

A cerveja é também um forte patrocinador da cultura e do desporto em Portugal, cujo impacto nos festivais de arte, festivais de música, eventos desportivos e patrocínios é transversal à sociedade como um todo. Seria possível aos portugueses saborear um lanche ou uma refeição enquanto assistem a um jogo de futebol na televisão, em casa ou num bar, sem cerveja? Seria, mas não era a mesma coisa.

Embora a cerveja seja a bebida com menor teor alcoólico, os legisladores a incluem na mesma categoria tributária das bebidas destiladas. Por se tratarem de bebidas alcoólicas, os legisladores também são usuários e muitas vezes impõem um imposto especial, porque o álcool faz mal à saúde e a indústria deve pagar por ele. Esquecem-se, porém, que este mesmo imposto é aplicado selectivamente à cerveja, mas não a todos os sectores das bebidas alcoólicas.

Esta penalidade fiscal, cada vez que aumenta anualmente, tira a competitividade do sector, impossibilitando a criação de mais empregos e a geração de mais riqueza nacional na cadeia de valor, desde a agricultura à indústria, comércio e serviços. E não menos importante, sufoca as empresas cervejeiras artesanais, uma das fontes de desenvolvimento do nosso país, que cria emprego qualificado e já é um ativo estratégico da nossa economia. Desta vez, e ao contrário dos últimos dois anos, a proposta de OE2025 apresentada ao Parlamento não prevê um aumento do imposto especial sobre o consumo da cerveja. E ainda é bom.

Só assim será possível reforçar a competitividade do setor e, por extensão, da economia nacional, dado que a cerveja tem um impacto significativo no seu desempenho. Um estudar e Economia da Europapublicado recentemente, calcula, por exemplo, que por cada euro investido no setor, 17 euros são devolvidos à economia.

Apoiar o setor da cerveja significa que este não deve ser discriminado negativamente em relação a outros setores das bebidas alcoólicas. Significa também apoiá-lo nos seus esforços para promover uma cultura de consumo responsável, em benefício de todos os portugueses.

Fuente

Endless Thinker

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here