A sessão de comemoração do 25 de Novembro de 1975 na Assembleia da República terá honras militares para as Forças Armadas e decorrerá em moldes semelhantes à sessão solene que assinala todos os anos a revolução de 25 de Abril de 1974.
António Ramalho Eanes recusa estigmatizar a data que, segundo ele, é uma continuação do 25 de Abril, “dia da fundação” da democracia. No livro “Ramalho Eanes, Palavra que conta”, publicado este mês, com base numa entrevista à RTP realizada pela jornalista Fátima Campos Ferreira e transmitida em Maio passado, Eanes recusa estigmatizar a operação: “Não entendo que estigmatizem o 25 de novembro, porque 25 de novembro é a continuação de 25 de abril;
É tempo de reconhecer que “houve um período muito complicado entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro, em que houve movimentos que tentaram – compreensivelmente, na minha opinião – impor as suas ideologias, o que, obviamente, o MFA não permitiu, porque isso significaria “Será, de alguma forma, contradizer, não responder, não respeitar a promessa de Abril e por isso tivemos que o fazer no dia 25 de Novembro, mas, a partir daí, o país criou unidade, unidade plural, obviamente “, considere.
“Entendo que esquecer o 25 de Novembro não ajuda a democracia, porque a história não se apaga. É com a história, e voltando à história, de forma nem endémica nem nostálgica, que aprendemos a evitar erros futuros”, argumenta no mesmo entrevista, agora publicada pela Porto Editora.
Segundo o ex-presidente, essa data marca “o ponto final de um confronto e o início de uma cooperação democrática em que todos participam, em que todas as ideologias são justificadas”.
Em Abril deste ano, por iniciativa do actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com estudantes do ensino secundário e superior, o General Ramalho Eanes, que foi comandante da operação militar de 25 de Novembro de 1975, reservada para 25 de abril de 1974 o lugar hegemônico.
“O 25 de Abril foi único, foi fundacional. Foi o que deu liberdade aos portugueses. de ideologias, de modelos de sociedade, em que havia um PREC que criou uma situação insustentável, uma situação de medo e uma situação que nos aproximou de uma guerra civil”, declarou na altura.
Eanes afirmou que houve “uma ofensiva militar”, na sua opinião “organizada levianamente pela extrema-esquerda, mas na qual o PCP não poderia deixar de intervir”, perante a qual ele e outros militares foram obrigados a agir.
“Finalmente tivemos esta acção, e repito que poderia ter levado a uma guerra civil e que no dia 25 de Novembro era indispensável. Repito: era indispensável, para que as promessas de honra dos militares à população pudessem ser cumpridas”, ele defendeu.
Segundo Eanes, o resultado do 25 de Novembro deveu-se “aos militares que se mantiveram fiéis à promessa de honra que fizeram à população, que era devolver-lhe a liberdade, mas liberdade sem condições” e que “resolveram, face a face de uma insurreição armada para responder… bem, uma insurreição armada, naturalmente, só pode ser respondida com armas.”
Também em Abril passado, mas em entrevista ao Jornal da Noite da SIC, Ramalho Eanes foi questionado se “faz sentido ou não, comemorar, comemorar” as duas datas, 25 de Abril e 25 de Novembro, respondendo que “faz-se sentir inteiramente “, mas ressaltando que a data de fundação da democracia é 25 de abril de 1974.
“Há uma data de fundação da democracia: 25 de abril”, afirmou.
Anos antes, em 24 de novembro de 2015, em Manila, Filipinas, onde receberia o Prêmio Internacional da Paz 2015, concedido pela fundação Gusi Peace Prize International, Eanes havia afirmado que o dia 25 de novembro foi um “momento de divisão” e que momentos de fratura “não são comemoradas, são lembradas”.
“O 25 de Novembro foi um momento devastador e entendo que não devemos comemorar, momentos devastadores não se celebram, são recordados e lembrados apenas para reflectir sobre eles. No caso do 25 de Novembro, deveríamos reflectir sobre o porquê “Nós, portugueses, com séculos e séculos de história, com uma unidade nacional feita de uma cultura profunda e distinta, porque é que chegámos a essa situação, porque é que chegámos à beira da guerra civil”, disse então Ramalho Eanes, em declarações à rádio e à televisão pública de Macau em Manila.
Foi no dia 25 de novembro que o país foi apresentado ao seu comandante operacional. O então tenente-coronel Ramalho Eanes apareceu na RTP com óculos escuros, rosto afilado e patilhas, com a sua voz profunda e dicção lenta, falando ao lado de Jaime Neves, perante o Presidente da República, General Costa Gomes, e o Primeiro-Ministro, Pinheiro. de Azevedo e Vasco Lourenço.
Todas as operações, disse Eanes na altura, “foram realizadas com a preocupação de evitar baixas de ambos os lados”.
“Esta preocupação foi grande e foi determinada pelo facto de haver portugueses dos dois lados”, declara Eanes, concluindo que as unidades envolvidas conseguiram “regressar, ao povo português, agora, de forma aberta e livre”. caminho, os ideais que fizeram a revolução do 25 de Abril”.
É o primeiro Presidente da República eleito em democracia e cumpriu dois mandatos (1976-1986).
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Endless Thinker