A bolsa portuguesa pode estar prestes a ganhar nova vida, após o interesse demonstrado por pelo menos duas empresas brasileiras em passarem a integrar o índice de Lisboacomo forma de entrar no mercado de capitais europeu. A informação foi avançada pelo presidente executivo da Euronext, grupo que gere diversas bolsas de valores, incluindo a portuguesa, durante a apresentação da estratégia do grupo para os próximos três anos, que decorreu em Paris.
“Fora do grupo Euronext, Há investidores do Brasil que estão a decidir investir na Europa e a forma mais cómoda de o fazer é através de Portugal e isso é muito importante para nós. Está acontecendo agora. Nos últimos dias, pelo menos duas empresas brasileiras, uma média e uma grande, contactaram-nos para discutir a entrada de Portugal na Europa”, afirmou Stéphane Boujnah, na conferência de imprensa.
A informação foi também confirmada por Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, quando Expressarmas sem dizer quais empresas são.
“Não posso especificar, naturalmente, porque é um processo que ainda está em curso. Mas posso confirmar que existe um diálogo para avaliar a entrada na bolsa portuguesa. “Existem duas empresas, poderia haver mais” acrescentou, à margem do evento. Isabel Ucha garante ainda que, desde que assumiu o cargo, em 2019, é a primeira vez que há interesse de empresas brasileiras.
“Nos últimos anos, Portugal estabeleceu uma relação extraordinária com o Brasil, porque com os milhares de brasileiros que vieram viver para Portugal, vieram muitas pessoas com rendimentos elevados, com negócios, com vontade de investir em Portugal e Portugal no resto do mundo. Até porque para muitos deles a possibilidade de fazer isso nos Estados Unidos é muito mais cara”, continua o líder da Bolsa portuguesa.
Ainda durante a apresentação dos resultados e estratégia da Euronext, Stéphane Boujnah Voltou a falar da importância de Portugal para o grupo devido ao centro tecnológico no Porto. “É o maior contributo de Portugal para nós. Temos um centro tecnológico criado em 2016 com 60 pessoas e atualmente conta com 300 pessoas”ele afirmou. A ideia do grupo é dobrar esse número nos próximos três anos. “É provavelmente o local onde estamos a integrar o maior número de empregos nos últimos anos”, afirma o gestor francês.
Quem quer ser o próximo Greenvolt?
A bolsa portuguesa perdeu algumas das suas empresas nos últimos anos e prepara-se agora para dizer adeus a outra: volts verdes. A empresa portuguesa foi alvo de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) do fundo norte-americano KKR (Kohlberg Kravis Roberts), que na semana passada passou a deter 97,6% da empresa cotada.
“O caso Greenvolt foi um caso imensamente bem-sucedido. Em três anos triplicou a sua dimensão, sobretudo graças ao financiamento que conseguiu obter no mercado, um exemplo extraordinário, tanto através de aumentos de capital como através de emissões de obrigações. Foi um caso de sucesso tão grande que um grande fundo global veio investir e fez uma oferta de aquisição”, comentou Isabel Ucha.
Sobre as novas entradas, o gestor lembrou que “Há empresas que já manifestaram publicamente que têm interesse em abrir o capital, mas estão essencialmente à espera de uma boa janela de oportunidade para o fazer.”
Um deles é o novo bancoque no final do ano passado, através do seu presidente executivo, conscientizou os investidores de que a estratégia é levar o banco ao mercado, abrindo seu capital para investidores institucionais. “Para nós, como banco, nosso trabalho é estar preparado para que, quando os acionistas estiverem prontos, possamos fazê-lo”, disse Mark Bourke, em entrevista à Reuters.
María Luís Albuquerque terá papel importante
Na direção ExpressarIsabel Ucha fala de uma nova oportunidade para a Europa diminuir a disparidade de competitividade com os seus rivais, os Estados Unidos e a China, defendendo que terá de haver “aculturação a outras formas de investimento” nestas geografias em Bruxelas. “Mais poupanças europeias precisam de ser canalizadas para mais capital empresarial. Porque as empresas sem capital não podem inovar, não podem crescer, não podem ser competitivas à escala global”, afirma.
A líder da Euronext Lisbon diz que a nomeação de Maria Luís Albuquerque poderá ser boa para Portugal, porque “estes assuntos” terão mais cobertura no país e mais atenção mediática, sustenta.
Expresso viajou para Paris a convite da Euronext
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Endless Thinker