A Câmara Municipal de Loures rejeitou esta quinta-feira uma proposta da CDU que propunha a anulação de uma recomendação aprovada pelo Chega e previa uma pena adicional de despejo para quem fosse considerado culpado de atos ilícitos.
A recomendação dos comunistas foi rejeitada com votos contra do PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal, abstenção do PAN e votos a favor da CDU e BE.
A proposta visava anular uma recomendação do Chega, que tinha sido aprovada por maioria na última reunião do executivo da Câmara de Loures (distrito de Lisboa, presidido pelo socialista Ricardo Leão), e que previa a introdução de um adicional pena prevista nos regulamentos municipais para o despejo de qualquer pessoa comprovadamente culpada de atos ilegais.
A discussão da proposta decorreu durante o Período de Pré-Agenda (PAOD) da Assembleia Municipal de Loures, num ambiente de certa tensão, devido às declarações proferidas há uma semana pelo presidente da autarquia, Ricardo Leão e gerou considerável controvérsia.
Ricardo Leão tinha defendido, em ato público, o despejo “cruel” das casas municipais dos inquilinos envolvidos nos recentes motins ocorridos em vários bairros da periferia de Lisboa, após a morte do cabo-verdiano Odair Moniz, baleado por um agente da polícia. PSP na Amadora.
Dada a polémica suscitada por estas declarações, sobretudo na esfera socialista, o autarca esclareceu depois que apenas defende o despejo das casas municipais de inquilinos que tenham sido condenados e com causa firme e irrecorrível, sendo este o sentido da recomendação do Chega . aprovado na autarquia com votos favoráveis também do PS e PSD (a CDU votou contra).
Esta noite, o discurso mais acalorado foi o da deputada municipal do Bloco de Esquerda, Rita Sarrico, que acusou Ricardo Leão de “ordenar despejos” e de ter um discurso “desumano”. “A posição de Ricardo Leão relativamente à proposta do Chega não foi apenas um mau momento. Foi coerente com aquilo que tem sido o seu mandato como presidente da Câmara Municipal”, afirmou.
No mesmo sentido, a deputada comunista Fátima Amaral sustentou que a recomendação aprovada contém pressupostos ilegais, uma vez que contempla a aplicação pelo município de sanções adicionais.
“Mesmo que seja firme e irrecorrível, o município teria capacidade para acrescentar uma sanção. Não há enquadramento legal. Parece-nos que não é aconselhável”, argumentou.
Os restantes bancos consideraram que a recomendação proposta pela CDU era manifestamente extemporânea e justificaram assim o seu voto contra.
“Trata-se de uma recomendação inadequada da CDU. O que foi aprovado foi uma mera recomendação, que visa uma sanção administrativa”, argumentou a deputada do Chega, Patrícia Almeida.
O deputado municipal do PSD, Rui Pinhel, qualificou a proposta da CDU como especulativa e sublinhou que a recomendação aprovada pela Câmara Municipal “não visa alterar o regulamento”.
No seu discurso de resposta, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, garantiu que a autarquia “jamais aprovará qualquer tipo de norma contrária à lei e à Constituição”.
Na sessão desta noite foi também aprovado um voto de solidariedade, apresentado pelo PSD, ao motorista da Carris Metropolitana, que ficou em estado grave após os distúrbios ocorridos em alguns bairros da área metropolitana de Lisboa e com o forças de segurança.
Tiago Cacais, internado desde 24 de setembro no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, conduzia um autocarro em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures, alvo de um ataque com cocktails molotov.
O voto solidário foi aprovado por maioria com os votos favoráveis de PS, PSD, Chega, IL, PAN e BE e a abstenção da CDU.
A Assembleia Municipal de Loures é composta por 12 eleitos do PS, dez da CDU, cinco do PSD, três do Chega, um do BE, um da IL e um do PAN.
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Endless Thinker