Crianças da escadaria da igreja (As Quatro Candelárias) lançado hoje na Netflix. É inspirado em acontecimentos ocorridos no Rio, Brasil, em 1993, no que ficou conhecido como Massacre da Candelária. Oito moradores de rua – com idades entre 11 e 19 anos – foram mortos quando dezenas de crianças de rua que viviam fora da Igreja da Candelária, no Rio, foram atacadas. Parte do grupo que lançou o ataque eram policiais.
A história fictícia conta a história de quatro crianças nas 36 horas que antecederam um dos acontecimentos mais trágicos do Brasil. Combina a história de suas vidas em um ambiente urbano difícil com sequências oníricas. Um elenco predominantemente negro inclui os talentos inovadores Samuel Silva, Patrick Congo, Andrei Marques e Wendy Queiroz. Também aparecem estrelas consagradas como Antônio Pitanga, Péricles, Leandro Firmino, Bruno Gagliasso, Maria Bopp e Stepan Nercessian.
O criador Luis Lomenha e Márcia Faria dividem a direção do Netflix Original. Fernanda Meirelles (Cidade de Deus) é um dos produtores executivos da minissérie em língua portuguesa, produzida pela Jabuti Filmes e Kromaki.
À medida que o drama de quatro partes é lançado mundialmente, os cineastas falam sobre o projeto, como o realizaram, o que esperam que ele proporcione e como trabalharam com os sobreviventes do massacre. Lomenha conversou com a imprensa local sobre o projeto. Meirelles falou com exclusividade ao Deadline.
PRAZO: Você espera criar empatia ou um sentimento de raiva pelas injustiças sociais que vemos, ou talvez algo totalmente diferente?
Luis Lomenha: De As Quatro CandeláriasEspero que o público veja estas crianças não como símbolos de tragédia, mas como pessoas reais e alegres, com sonhos, esperanças e jovens que foram injustamente interrompidos. Isto é mais do que uma história sobre injustiça social – é um apelo para ver a humanidade das crianças que são frequentemente “descrianças” na narrativa em torno da violência e da raça.
Espero que os espectadores sintam empatia e indignação, mas também um reconhecimento mais profundo da dignidade, da alegria e dos sonhos que estas crianças tiveram nas suas vidas.
DATA LIMITE: Fernando, qual foi o seu papel neste projeto?
Fernanda Meirelles: Meu papel era apoiar e fortalecer a visão de Luis. Meu objetivo era ajudar a série a alcançar um público mais amplo e garantir que a mensagem poderosa em sua essência ressoasse além dos círculos imediatos. Espero poder ajudá-lo a conectar-se com pessoas em maior escala, dando a esta importante história a visibilidade que merece.
PRAZO: Contar uma história inspirada em um evento real (e traumático) claramente exige responsabilidade. Como você trabalhou com os sobreviventes do massacre?
LL: Trabalhar com sobreviventes foi essencial para retratar autenticamente esta história. Trabalhamos em estreita colaboração com alguns deles para compreender as nuances das suas experiências e, o mais importante, para garantir que as suas vozes fossem verdadeiramente ouvidas.
Suas percepções nos guiaram não apenas na história, mas em todas as escolhas que fizemos, desde o diálogo até a representação da emoção. Esta colaboração foi crucial para garantir que a série honrasse a sua resiliência e as histórias de inúmeras outras pessoas.
PRAZO: O que contar a história a partir da perspectiva dos jovens alcança como ferramenta narrativa?
FM: Contar histórias através dos olhos dos jovens permite que o público veja o mundo na sua forma mais crua e honesta. Personagens jovens vivenciam a vida sem os filtros da idade adulta, e sua perspectiva pode ser inocente e inabalavelmente direta.
O que Lomenha faz As Quatro Candelárias Ele convida o público a se reconectar com a humanidade no centro da história, evocando emoções que poderiam não vir à tona se a história fosse contada pelas lentes de um adulto.
PRAZO: Por que você quis introduzir a dimensão mais onírica ou magicamente realista?
LL: Os elementos do realismo mágico são essenciais para mostrar que essas crianças tinham um mundo interior rico, cheio de aventura, fantasia e alegria. Ao combinar esses elementos com a dura realidade que enfrentaram, podemos abordar um tema pesado de uma forma que permaneça autêntica em suas vidas.
É uma mistura de gêneros que desafia a representação crua e comum dos subúrbios do Brasil, colocando o centro do Rio de Janeiro no centro da história e adicionando camadas de humor, esperança e resiliência. Ao introduzir estes elementos, deslocamos o foco para a perspectiva das crianças, como se a própria câmara fosse uma criança, e exploramos o seu mundo e sonhos com autenticidade.
PRAZO: Você já trabalhou no cinema e na TV. Você aborda os dois da mesma forma, de forma criativa?
LL: De muitas maneiras, eu realmente abordei a série como uma história única, mas o formato nos permitiu explorar a história de cada personagem com mais profundidade. Cada episódio se baseia no outro para formar um quadro completo, conectando as vidas e os sonhos dessas crianças a temas maiores que ressoam fora da tela.
Essa estrutura nos permitiu criar uma história cheia de nuances e camadas que espero que deixe um impacto duradouro no público.
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Endless Thinker