Rascaria, Vândalos, Mitras, Manas, Manos, Damas, Dyggraz, Dreads, Chungas, Perfuradores, Rapepaz, Catrefas.
Bandidos.
Aqueles que na vida vêem mães chorarem por terem tirado os filhos delas, num cemitério secreto no alto do morro onde ninguém as ouve.
Vivem onde o INEM chega atrasado, apenas para anunciar o resgate de mais um cadáver. Muita leveza na morte pelas mãos de todos, para quem já despejou tanta sujeira em urnas de madeira.
Eles dividem uma placa por dez, seu teto é infinito. Eles acordam às quatro, não cabem no ônibus, andam quilômetros em estradas vazias.
Recebem um planejamento urbano hostil em que os muros lhes proporcionam proteção em alerta vinte e quatro, sete dias, visitados por agentes anônimos armados com armas de guerra.
Afinal: solidários, fraternos, mães, pais, filhos, trabalhadores, responsáveis, cidadãos; mas não, aparentemente, sempre e para todos: bandidos.
Quando anunciam uma visita à cidade no dia anterior, a Avenida se enche de policiais e de avisos: tem que não trabalhar no dia seguinte, fechar, barricar, vai haver problemas. Porque mesmo quando vão para a cidade, querem levar embora. Para que fiquem sozinhos novamente, só com a polícia. Sem trabalhadores, turistas e testemunhas.
Deram-se as mãos, protegeram a todos, desceram, choraram, cantaram e dançaram Ghoya; Ajoelharam-se no chão molhado com os punhos erguidos na chuva, porque mesmo ali não conseguem descansar.
No sábado criaram a democracia sozinhos com a ajuda de algumas pessoas que nem conheciam.
Afinal, quem é o criminoso?
Fuente
Endless Thinker