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A indústria da cerâmica e do vidro pede menos burocracia e formação dos trabalhadores

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Perante a forte competitividade da China e dos EUA, promover políticas comuns nos países europeus, ao mesmo tempo que cumprem os objectivos de sustentabilidade ambiental, foi um dos maiores desafios destacados pelos oradores que participaram na ECP Green Summit’24, e que também abordaram temas como como o processo de digitalização e inovação do setor, a circularidade com reaproveitamento de resíduos e alternativas energéticas com menor impacto ambiental.

Pela manhã os oradores foram José Cruz Pratas, presidente da direção da APICER; Teodorico Pais, administrador da Vista Alegre Atlantis; Luís Mira Amaral, consultor consultivo da FNWAY CONSULTING e Duarte Cordeiro, sócio da consultora de sustentabilidade Shiftify. No primeiro painel de debate, com o tema “Rumo à transição energética: desafios e oportunidades”, participou Carlos Zorrinho, professor do departamento de gestão da Universidade de Évora; João Bernardo, presidente do conselho de administração do Centro de Energia de Biomassa (em representação da DGEG) e Sílvia Machado, diretora executiva de sustentabilidade do CIP. A segunda parte dos trabalhos da manhã foi liderada por Víctor Francisco, responsável de I&D do CTCV, que moderou o segundo painel de debate com o tema “Desafios da Transição Energética na Indústria”, com a participação de Bruno Veloso, vice-presidente da o conselho de administração da ADENE; Cipriano Lomba, diretor de gestão de tecnologia e inovação da Efacec; Bruno Pereira, ISQ; José Manuel Terras, responsável pela transição energética e novas tecnologias da Floene e Nuno Vitorio, diretor comercial da Indutor – Cooking Efficiency.

À tarde foi a vez de Pedro Brinca, orador principal, abrir a sessão com uma análise da transição digital e o seu impacto na economia local e global, seguindo-se outra mesa redonda com o tema “Acelerar a transição digital em Portugal ” . moderado por Ana Peneda Moreira, jornalista da SIC, no qual participou Mário Campolargo, ex-secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa; Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR e José Tribolet, professor emérito do Instituto Técnico Superior da Universidade de Lisboa, INESC.

Por último, Pedro Roseiro, responsável pela gestão de projetos do INOV INESC, moderou o último painel de debate do dia onde foram discutidos os “Desafios da digitalização da indústria”, que contou com a participação de Nelson Escravana, administrador executivo e diretor da área de cibersegurança área do INOV INESC Inovação; Nelson Ferreira, responsável pela coordenação da área de digitalização fabril (Indústria 4.0) das fábricas de Termotecnologia da Bosch; Nuno Gonçalves, diretor do IAPMEI; Paulo Soeiro Ferreira, Grupo Visabeira e Sandra Carvalho, responsável pela área académica e comunicação externa do CTCV.

Os trabalhos foram concluídos com uma mensagem do Secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, e um discurso de Albertina Sequeira, vice-presidente executiva da direcção da APICER.

Conheça as principais conclusões:

Competitividade

  • Teodorico País alertou para o perigo de a Europa perder competitividade e terreno face à China e aos Estados Unidos. “Essas tendências são preocupantes. O crescimento da China é muito mais ambicioso e ocorre num ritmo diferente. Mas acreditamos que podemos reverter o curso dos acontecimentos”, afirma.
  • A formação técnica e a especialização em eficiência energética foram destacadas como ferramentas para otimizar os processos produtivos e reduzir o consumo de energia.
  • O preço da eletricidade é um fator importante que contribui para a perda de competitividade europeia e para a atração de investimentos no país. A electricidade é duas a três vezes mais cara nos países da União Europeia do que nos Estados Unidos, e o gás natural é quatro a cinco vezes mais caro.
  • “Enquanto os países não tiverem mais flexibilidade nas regras, terão dificuldades em apoiar setores específicos e nesse sentido os outros dois blocos (China e EUA) os ultrapassaram. Faltam mecanismos e instrumentos de política industrial para criar, na União Europeia, capacidade para combater este tipo de empresas e ter oportunidades de multiplicar o emprego na Europa”, afirma João Bernardo.

Sustentabilidade energética

  • A energia solar, a biomassa, o hidrogénio verde ou a eletrificação são alternativas que podem substituir o gás natural “mais ou menos na mesma medida”, afirma Duarte Cordeiro, citando a Associação Europeia do Clima, apontando um caminho em que há “uma mistura de várias energias .” ”.
  • Portugal tem como meta alcançar a neutralidade carbónica até 2045, adiantando em cinco anos a meta da Europa, que assumiu este compromisso até 2050.
  • Duarte Cordeiro afirma ainda que o caminho para a descarbonização deve ser feito com apoio, alertando que é necessário um investimento maior do que o que existe no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Há uma oportunidade com o PRR mas terá de ser reforçada nos próximos anos”, alerta.
  • A compensação com a captura das emissões de CO2 é uma estratégia sugerida, e passa pela valorização económica da floresta, com maior investimento neste processo através de mercados de carbono ou negociação de créditos de carbono, garantindo que a floresta não seja abandonada. Os especialistas alertam, no entanto, para a importância de garantir a segurança na captura deste CO2 e avaliar novas soluções de armazenamento de carbono.
  • “A sustentabilidade está em risco”, alerta Silvia Machado, acrescentando que ainda não há produção suficiente de algumas energias, nem escala para as adotar a nível industrial, cobrindo as necessidades existentes. “Falta infraestrutura para atender às necessidades de transporte e produção. Os investimentos necessários são enormes e virão em grande parte de empresas privadas, que já enfrentam custos de matérias-primas e conformidade com a legislação da União Europeia”, afirma.
  • A conversão dos actuais fornos e o desenvolvimento de novos processos de síntese reduzirão a dependência dos combustíveis fósseis e as emissões de gases com efeito de estufa. A substituição do gás natural por hidrogénio ou biometano também faz parte da estratégia.

Economia circular e transição digital

  • A valorização de resíduos de produtos já consumidos na indústria cerâmica, e que podem ser reutilizados no processo produtivo, faz parte das estratégias para um setor mais sustentável.
  • “Temos que criar uma nova cultura de consciência digital, seja para novos modelos de negócios, sensores ou sistemas digitais. Tudo isto é importante”, afirma Mário Campolargo, acrescentando que se as empresas com “agendas mobilizadoras” conseguirem externamente “monetizar a cadeia industrial como mais sustentável” através da tecnologia, as pequenas e médias empresas, que não estão nessas agendas, também irão benefício. “Há um espaço enorme para trabalharmos juntos.”
  • “O setor cerâmico tem cerca de 300 empresas, das quais 85 são PME. A transição digital não é possível se não houver alianças entre eles, mas é necessário um enquadramento mental por parte dos trabalhadores e das empresas que entendam o que é o mundo digital no setor”, afirma José Tribolet.
  • “O que estas agendas mobilizadoras estão a fazer é fortalecer o ecossistema. Temos tendência a demonizar as grandes empresas, mas esta transição não pode ser feita sem mobilizar as grandes empresas, pelo efeito alavancador, rapidez e praticidade de mercado que têm”, afirma Pedro Dominguinhos.

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Fuente

Endless Thinker

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