Pedro Nuno Santos compreendeu finalmente que viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 não é desistir, é sobreviver. O “virtualmente impossível”” que ele tanto proclamou, e que serviu de bandeira para meses de retórica de combate, Ele se virou, quase sem querer, uma exigência estratégica. Ficar ainda mais à esquerda, com um Bloco de Esquerda desorientado e o PCP em coma político, seria suicídio. E Pedro Nuño, aparentemente, ainda não está preparado para saltar da falésia.
O paradoxo é evidente. Se Pedro Nuno tivesse seguido até ao fim a sua doutrina, teria acabado por isolar o PS numa pureza ideológica vazia, deixando o PSD no centro e o Chega a colher os frutos do descontentamento. Viabilizar o orçamento não foi um voto de fé no PSDB: foi um gesto de autopreservação para garantir que o petista ainda tivesse algo para liderar na esquerda.
A antecipação da decisão foi um golpe fatal para o congresso do PSDB. Montenegro, que precisava de um inimigo, ficou sem o adversário perfeito para focar o discurso. Sem nenhum inimigo à vista, ele manteve suas ideias. O problema é que, como ficou evidente, o que faltava eram ideias.
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Endless Thinker