Enquanto fazemos a contagem regressiva para o grande festa dos 40 anos da BLITZ, no Meo Arena, em Lisboa, no dia 12 de dezembro – com espetáculos de Xutos & Pontapés, Capitão Fausto, Gisela João e MARO –Pedimos a músicos, promotores, jornalistas, radialistas e outras personalidades que se deslocassem ao porta-bagagens para recuperar memórias de quatro décadas de história, deixando-nos também uma mensagem para o futuro.
“Organizações como a BLITZ são essenciais para criar uma memória, para registar, até para compreender o país, se pensarmos que a música acaba inevitavelmente por refletir o que acontece num país. É uma coleção em construção”, defende Cátia Mazari Oliveira, que assina a sua música como A Garota Não, “claro que, noutra vertente, sendo um veículo de comunicação, é fundamental dar voz e corpo ao que acontece em termos de a criação. É uma responsabilidade muito grande chegar ao que se está a fazer em termos musicais, porque todos os dias se cria muita música. Muitos artistas, muitos projetos, muitas linguagens. E a BLITZ acaba sendo fornecedora e facilitadora desses projetos.”
Sua lembrança mais antiga do BLITZ está relacionada ao hip-hop. “Acho que foi quando eles fizeram um grande artigo sobre uma peça chamada algo como ‘realeza do hip-hop’, nada menos, então havia algumas fotos de página inteira de vários rappers. Lembro-me de guardar isso há muito tempo. Não pelas fotografias dos rappers, mas porque era uma peça longa, com muitos nomes e que, na altura, me marcou. “Me marcou tanto que essa é a lembrança que carrego.” O artista também lembra de “pensar que as páginas de resenhas eram muito infladas ou muito cruéis. Muitas vezes me deixava muito mais ansioso ao ouvir álbuns com críticas negativas, até mesmo para entender o que havia de errado ali. E muitas vezes, para mim, nada de ruim aconteceu.”
“Então, independentemente disso, lembro-me de ter descoberto muitos projetos baseados em peças do BLITZ, abrindo os ouvidos para músicas que de outra forma não teriam chegado até mim”, acrescenta, “era uma época em que o mundo da Internet ainda era muito reservado. e não tínhamos acesso às informações com muita facilidade. Dependíamos muito de publicações. O que o BLITZ trouxe quase sempre foi material completamente novo, pelo menos para mim. Não havia outra boa maneira de acessar o que estava acontecendo na música. Isso também, até aparecerem os canais a cabo, nos dando conteúdo de um pouco de todos os lugares. BLITZ contou com entrevistas, peças originais, retratos e curiosidades diversas. Foi uma fonte rápida de informação e, ao mesmo tempo, também teve um caráter um pouco mais documental, mesmo com peças longas, com algum desenvolvimento. “Basicamente, era o conteúdo ao qual a maioria de nós tinha acesso.”
Sobre o futuro da publicação, gostaria “que esta regressasse ao formato físico e que o digital fosse quase um complemento – nunca me adaptei muito bem à leitura de conteúdos extensos no ecrã, acho que vou sempre preferir o papel”. se a sustentabilidade ambiental permitir.” “E espero também que a BLITZ possa ser um meio de comunicação por excelência para novos projetos, projetos independentes, que os divulgue e promova. Acho que você já faz isso de uma forma muito comprometida. É apenas meu desejo que você possa chegar ainda mais longe. E, a propósito, eu também adoraria que a BLITZ evitasse o sensacionalismo e as manchetes fáceis. Eu não gosto nada da parte fofoca de comunicação. Sei que é uma tendência hoje em dia e também parece que é o que vende, mas também acredito que a dignidade e a arte, por si só, são lugares que cativam muitos públicos.”
Fuente
Endless Thinker